Estratégia de amostragem
Abril
2019
Estratégia de amostragem
Um ambiente de trabalho seguro e saudável é fundamental para o sucesso e o crescimento de uma empresa. A avaliação de agentes químicos é uma das técnicas usadas de forma a mantê-lo dessa maneira. A partir dela, os técnicos responsáveis recebem informações que resultam em tomadas de decisões mais acertadas frente a possíveis riscos.
Para uma análise correta, é necessária uma amostragem confiável dos agentes químicos e fundamentada em técnicas seguras. A amostragem permite identificar que tipos de substâncias e produtos perigosos estão presentes dentro do espaço utilizado pelos funcionários.
Neste artigo vamos abordar algumas das principais estratégias de amostragem para avaliação de agentes químicos. Confira!
O que são estratégias de amostragem?
Como já mencionado, a amostragem é uma tática utilizada pelo setor de segurança do trabalho para garantir a higiene ocupacional. Ela é necessária uma vez que toda empresa deve avaliar e controlar os riscos aos quais os seus funcionários estão submetidos durante o dia de trabalho.
O uso de amostradores dispostos na zona respiratória do trabalhador consiste na amostragem passiva ou ativa, o que os diferencia são os equipamentos utilizados. A amostragem passiva torna o processo mais prático. No entanto, independente do tipo, todas as instruções para a amostragem precisam ser seguidas corretamente para uma medição satisfatória.
Primeiramente, algumas perguntas são levantadas, como: quantas amostras devo fazer? Quem e quando devo amostrar? Por quanto tempo? E como interpreto os resultados?
O plano de amostragem consiste na definição das ações a serem seguidas, iniciando pela definição do objetivo da sua campanha de amostragem, ou seja, é a lista de tarefas ou o passo a passo apropriado para as amostragens que você precisa. E com o planejamento é possível atingir o objetivo da avaliação quantitativa de forma assertiva.
Esse plano enumera como as amostras serão coletadas, se serão suficientes, se estão adequadas aos limites de exposição ocupacional, o tempo de coleta correto, o tratamento estatístico dos resultados, entre outros.
Qual é a importância de uma avaliação das estratégias de amostragem?
Em um mundo ideal, todos os trabalhadores poderiam ser monitorados e avaliados diariamente para todos os agentes de interesse. No entanto, essa possibilidade não é real.
Sendo assim, a utilização de grupos similares é a forma viável de identificarmos os riscos aos quais eles estão submetidos. Se as ferramentas estatísticas forem empregadas de maneira correta, juntamente às boas práticas de higiene ocupacional, a meta poderá ser alcançada.
A finalidade desse trabalho é dar confiabilidade estatística ao processo. Desse modo é importante que a estratégia de amostragem escolhida seja condizente ao propósito e às características do estudo que será feito.
Como definir a estratégia de amostragem?
Devemos considerar os seguintes pontos antes de definir a estratégia:
Objetivo do trabalho
Será avaliada a exposição do funcionário? Uma função específica? A operação como um todo? Queremos atender à NR15 ou realizar prevenção?
Tempo da amostragem
O tempo deve cobrir o ciclo de trabalho? Qual é o tempo das tarefas desempenhadas que serão analisadas? Qual é o tempo de pausa dos trabalhadores ou maquinário?
Períodos para realização das coletas e medições
As amostragens devem ser conduzidas em condições normais de trabalho, durante a realização das atividades a serem avaliadas.
Número mínimo de amostragens
A quantidade de amostragens deve garantir a representatividade da concentração dos possíveis agentes presentes no meio. Deve-se coletar de forma tal que se consiga a representatividade da exposição, um número de amostras com duração, frequência e condições de coleta estatisticamente satisfatórias.
Quais são as 4 principais estratégias de amostragem (NHO 08, Anexo C)?
A NHO 08 é uma norma de higiene ocupacional elaborada pela Fundacentro e trata da coleta de material particulado sólido suspenso no ar de ambientes de trabalho. A norma contribui como ferramenta na identificação e na qualificação da exposição ocupacional aos materiais particulados sólidos ou poeiras.
O Anexo C da NHO 08 é uma disposição sobre como você vai coletar as suas amostras e montar sua estratégia. Um gráfico é apresentado mostrando como a sua coleta estará compreendida dentro da jornada de trabalho. Considerando a jornada de trabalho como 8 horas, as estratégias podem ser definidas das seguintes formas:
1. Amostra única de período completo
Uma amostra coletada durante as 8 horas de jornada.
2. Amostras consecutivas de período completo
A jornada é subdividida em períodos, iguais ou não, e realiza-se uma coleta para cada subdivisão.
3. Amostras de período parcial
É definido um intervalo menor do que as 8 horas da jornada. Esse período pode ser subdividido ou não e utiliza-se uma coleta para cada subdivisão.
4. Amostras pontuais de curta duração (grab samples)
O tempo de amostra é inferior a 5% do período de jornada.
Antes de tomar a decisão sobre os itens acima, é preciso saber qual é o tipo de agente a ser coletado, o tempo máximo por amostrador permitido e o objetivo específico do estudo — se você está tendo uma exposição aguda durante determinada tarefa ou não, por exemplo.
Como interpretar os resultados da amostragem?
A concentração de agentes é dada na maioria das vezes em ppm (partes por milhão), e o Brasil adota os limites da NR15 (ou ACGIH quando o agente não estiver disponível na NR 15).
Os Limites de Exposição Ocupacional (LEO) propostos pela American Conference of Governmental Industrial Hygienist, ou ACGIH, são conhecidos como TLVs. O TLV (Threshold Limit Value) é a concentração das substâncias a que podem ser expostos os trabalhadores sem apresentar ou com baixa probabilidade de apresentar danos à saúde. Eles podem ser divididos em três tipos:
TWA
É a concentração média ponderada no tempo para uma jornada completa de 8 horas diárias ou 40 horas semanais, à qual os trabalhadores podem se expor sem apresentar efeitos adversos à saúde durante a vida de trabalho.
O cálculo da exposição média ponderada pelo tempo é o artifício mais recomendado para determinar a exposição média de uma jornada completa por trazer maior certeza na determinação das concentrações do agente.
O TWA não pode ser ultrapassado ao fim da jornada.
STEL
É um limite de exposição média ponderada em 15 minutos que não deve ser ultrapassado em nenhum momento da jornada de trabalho. O limite de exposição STEL geralmente complementa o TWA e não pode ser ultrapassado mais que 4 vezes durante a jornada. As exposições só podem ser aceitas se ocorrerem em intervalos mínimos de 60 minutos. São utilizados para substâncias com efeitos agudos reconhecidos.
TETO
É o valor máximo permitido, que em nenhum momento pode ser ultrapassado durante a jornada de trabalho. Normalmente é indicado para substâncias de alta toxicidade e baixo limite de exposição.
Avaliar a exposição dos trabalhadores não é apenas medir: é preciso julgar, apreciar e compreender em um sentido amplo os resultados, fazendo um julgamento das medidas de proteção necessárias.
Saber quais estratégias de amostragem usar e quais são os seus desfechos é a junção dos conceitos de higiene ocupacional com a aplicação de estatística para que um ambiente seguro seja conquistado. O ideal é que uma empresa que fornece uma consultoria para análise química seja contactada para garantir a qualidade da amostragem e uma análise correta.
O processo completo envolve etapas de caracterização básica, avaliação de processos, agentes e pessoas, reconhecimento de riscos, formação de grupos similares de exposição (GSE), exposição de maior risco (EMR), conhecimento dos tipos de limite de exposição (TWA, STEL, TETO), tratamento estatístico de dados, entre outros.
É fundamental que, antes de iniciarmos qualquer medição, tenhamos consciência do conhecimento necessário sobre as exposições.
Agora que você sabe mais sobre as estratégias de amostragem, descubra como fazer uma amostragem de agentes químicos corretamente!
Artigo Leandro Magalhaes
Analytics Brasil